Etiquetas

Family (30) Work (16) Planning (13) Health and Beauty (12) Home (12) World (12) P... (10) Ambiente (9) Maternity (5) Viagens (4) Economia doméstica (3)

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Hábitos de Março

Uma novidade: criei uma página no blog para Downloads. Para já, apenas contém o Planning de Rochas e Hábitos, actualizado até ao final Fevereiro. Utilizo estas tabelas à laia de instrumento de navegação, o GPS personalizado que acompanha o meu percurso de evolução em direcção aos objectivos estabelecidos. Não são perfeitos, mas sem eles perco-me. Estarão ali para quem quiser.


Para lá do Marão

Sendim, mais propriamente Sendim da Ribeira - dado que, como as Marias, há mais Sendins nesta terra – é uma pequena povoação situada no nordeste transmontano. Passamos lá uns dias em casa de uns amigos.
É uma aldeia perdida na serra. Não tem lojas nem algo que possa assemelhar-se a uma casa de comércio. Só casas de habitação e barracões para guardar lenha e arrumar alfaias e redis para recolha das ovelhas e dos respectivos cães de guarda. Ah! E uma igreja, claro está, indispensável ao apascentamento dominical da dúzia de almas que por lá vive. Como o alimento espiritual não é tudo, o abastecimento dos bens terrenos, desde o pão ao petróleo, tachos, panelas ou candeeiros, é assegurado tambem uma vez por semana pelo tradicional almocreve. Já não vai a cavalo, evidentemente, vai montado numa boa carrinha comercial, estamos no sec XXI.
Encarrapitada na crista de um monte, a aldeia faculta a quem lá vai uma limpeza geral. Dos pulmões, porque se respira um ar saudável, isento de poluíção; dos olhos, porque a vista sobre os rudes montes e vales circundantes é soberba; da cabeça, porque o stress da cidade fica completamente anestesiado.
Algum frio nesta altura do ano, mas um frio seco, nada que não se aguente de dia com um camisolão vestido e à noite com a protecção da lareira acesa. No verão, sob a inclemência de um sol sem nuvens adivinha-se um local infernal.

Fizemos de Sendim quartel general. De manhã, depois do pequeno-almoço, metiamo-nos no carro e abalávamos à descoberta das cidades mais próximas. Ultrapassando o sobe e desce por montanhas e vales em estradas de curvas e contra-curvas, lá chegávamos a Alfândega da Fé – cidadesinha sensaborona, sem graça – a Miranda – bela e orgulhosa do seu património linguístico – a Torre de Moncorvo, Macedo de Cavaleiros, Freixo-de-Espada-à-Cinta. Almoçávamos normalmente pelo caminho em tasquinhas de gente simpática e acolhedora e onde apreciamos os enchidos típicos da zona (fazem tão mal mas sabem tão bem!) as migas de bacalhau ou o cabrito à transmontana. À noite regessávamos a penates e ao encosto da lareira.
Amanhã ou depois contarei mais coisas sobre este reconhecimento por terras “para lá do Marão onde quem manda são os que lá estão”

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Disclaimer: É PARA RIR!!

Hoje compreendi que este blog conta muito mais do que o que está escrito. A cada notícia jornaleira publicada junta-se também a interpretação de quem lê. E cada um interpreta à sua maneira. É a primeira lição básica de todos os cursos de escrita criativa: a descrição das personagens não deve ser demasiado detalhada, pois o leitor deve ter a oportunidade de acrescentar algo de seu. Mas eu nunca tinha pensado neste blog como uma história, de maneira que não tomei em consideração que o que escrevo me pudesse fugir de mão para correr livremente interpretado na imaginação de cada um.
E daí, perguntarão? E daí que este blog não conta uma história inventada, conta várias histórias reais: a minha na saga de navegar mais ou menos a direito para uma mudança de vida, a do Pai respondendo ao desafio de escrever com dois gloriosos dedos que às vezes ameaçam greve, a da Filipa sobre as aventuras de uma portuguesa em Israel (a estrear brevemente!!). E um desabafo, uma linha direita que saiu torta ou um soluço podem soar aos ouvidos de quem lê como uma anedota ou como um drama, dependendo da interpretação dada.
As anedotas são escritas para fazer rir, mesmo quando são tecidas com uma ponta de humor negro. Eu prefiro rir. Mas pode acontecer que quem lê salte por cima do humor e se focalize no negro. Não posso controlar tudo. A partir do momento em que publiquei, o que escrevi já não é só meu. Resta-me esperar que quem não ri não se deixe levar pela ânsia ou pela preocupação. Pelo sim pelo não a partir de hoje passarei a pôr um disclaimer (em letra pequena meia acinzentada no fundo da página, para salvaguardar ainda o espaço à imaginação do leitor) sempre que escrever algo que me diverte: É PARA RIR!!

Abreijos

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A casa de Petronilla #1


No Verão de 2010 herdei um livro -  I gustosi, svelti, economici desinaretti di Petronilla. Foi o único livro de culinária que encontrámos em casa da tia Laura, ela que foi cozinheira de profissão. De imediato me apaixonei pelo estilo único desta autora que escreveu para a mulher italiana média dos anos 20. Cada receita é uma lição de vida.  E talvez por mérito de Petronilla, talvez por mérito do montão de hormonas que me assola desde a gravidez, sempre que leio aquele livro sinto uma vontade inexplicável de nidificar.
Punha-me a imaginar com seria a casa de Petronilla, a sua cozinha cheia de bons odores. E comecei a desejar que a minha casa mudasse, que se transformasse num lar à medida dos meus sonhos, um refúgio zen para mim e para os meus. E foi assim que finalmente, aos 38 anos, depois de tanta resistência emotiva mascarada de racionais feministas, a casa tomou definitivamente lugar nas minhas metas de evolução. 
Começo pela cozinha, claro. Ou não fosse neta da minha avó e filha da minha mãe. São delas as cozinhas da minha infância. Mas a minha é diferente, está feita à minha medida. Ocupa um ângulo da sala, o espaço delimitado por um balcão coberto de granito rosa. E eu gosto dela assim, posso estar a fazer outras coisas enquanto cozinho, privar com hóspedes, brincar com Adelaide, ver televisão. Não me sinto segregada pelos preparativos culinários. As únicas limitações evidentes são o ruído dos electrodomésticos que invade nefastamente o nosso espaço lúdico e os cheiros de cozinhado que, por muito bom que seja chateia à brava quando não respeita os limites sugeridos pelo balcão.
Nas próximas semanas acrescentarei a este capítulo os particulares daquela que será a cozinha da infância da Adelaide. Agora o sono vence colando lentamente as pálpebras e sugerindo com firmeza que chegou o momento de me juntar ao Pato Donald que por uma vez me antecedeu no vale dos lençóis. 
Boa Noite

domingo, 26 de fevereiro de 2012

10 coisas que me fizeram feliz hoje

"Ora bolas" pensei eu por volta das 6 da tarde. Hoje não tive tempo nem vontade de fazer qualquer coisa para me mimar. E agora inicia a rotina lavagem nasal-banheto-jantar-cozinha-adormecer Adelaide e o dia acaba sem que eu tenha recarregado as baterias.
Bom, não será bem assim. Fiz tanta coisa, dispersa por aqui e por ali, tenho a certeza que consigo elencar 10 coisas que me fizeram feliz hoje:


sábado, 25 de fevereiro de 2012

O Pato Donald é politicamente incorrecto

Já alguma vez se perguntaram porque é que quando o Pato Donald está com uma crise de raiva (ou seja quase sempre) não se percebe nada do que ele grita? Pois eu sei porquê: o Walt Disney lá deve ter pensado que era melhor assim do que pôr um "ppppiiiiiiiii" de censura por cima de metade do que ele diz... E não estou a falar só de palavrões, estou também a referir-me a desabafos classistas que genericamente são indicados como politicamente incorrectos.


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Bio-Bottle: o ambiente e a minha consciência agradecem

Um UAU para o Pato Donald! No outro dia chegou a casa com as compras da semana e trazia uma boa novidade: Garrafas de água feitas de Ingeo - um plástico feito exclusivamente de polímeros derivados de milho e outros amidos vegetais.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Casei-me com o Pato Donald

O Pato Donald é uma personagem tão problemática que tem sido usada para descrever diversos síndromes: O síndrome que quem não sabe ouvir e fala fala sem que ninguém perceba nada. O síndrome de quem faz tudo mas não combina nada de bom. E eu agora acrescento outro: o síndrome de quem tem temperamento explosivo.
Quantas pessoas conhecem com temperamento explosivo? Pode ser devido a um período de stress temporário ou pode ser feitio, mas andam por aí muitas pessoas com temperamento explosivo. Eu vivo com um em casa.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Ter fé no Destino

Ter fé no Destino é muito de nós Portugueses. Acreditamos que tudo acontece pelo melhor (ou pelo menos mal), que de alguma maneira o nosso Fado toma conta de nós mesmo quando as voltas do Destino nos atingem como chicotes. É mais ou menos assim que apesar de tudo eu penso no que respeita à minha actual situação profissional.
Há quase seis anos atrás mudei de direcção profissional. O meu sonho de ter estabilidade e uma retribuição financeira condigna ultrapassou a vontade de continuar a trabalhar para salvar o Mundo. Agora que a ameaça da instabilidade me torna a assombrar os sonhos dou por mim a questionar se esta não será uma oportunidade para retomar a justa estrada. Uma espécie de "talvez tudo aconteça pelo melhor".



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O que tem a roupa a ver com a hora de ir para cama?

No outro dia fez-se uma centelha de luz no meio neurónio que dedico ao esforço de manter a casa arrumada: a minha disciplina de organização é (meia) férrea só até uma determinada hora. Quando já estou com um olho aberto e o outro fechado começo a perspectivar a importância efectiva das minhas resoluções caseiras. É por isso que pegaram logo os hábitos na cozinha, mas no que respeita à eliminação dos hotspots da roupa estou com algumas dificuldades.


A Lei Do Mais Forte

Volta e meia a questão volta à baila.

No “Público” de hoje saíu um artigo referente à reabertura das hostilidades – leia-se polémica – por causa da anexação de Olivença pela Espanha, esse espinho cravado no orgulho lusitano há mais de dois séculos. A situação mantem-se ao abrigo de uma lei que nunca foi escrita mas que todos conhecem pela experiência da História: a “Lei Do Mais Forte”.

No início do sec XIX, Portugal, o pião da nicas de serviço, foi envolvido na guerra entre a França napoleónica e a Inglaterra. Como bom estratega que era, Napoleão queria limitar comercial e militarmente a acção dos ingleses, proibindo todos os países – Portugal incluído, claro – de abrir os seus portos aos navios de sua majestade. A Espanha obedeceu. Portugal, cumprindo a lealdade de uma aliança luso-britânica que datava já dos fins do sec XIV (mas que sempre beneficiou apenas uma das partes) recusou obedecer. Como resultado viu o seu território ser invadido por poderosas forças da aliança franco-espanhola que em pouco tempo ocuparam todo o alto alentejo quase sem resistência, salvo as honrosas excepções das praças fortes de Campo Maior e Elvas. Portugal capitulou assinando o Tratado de Badajoz onde se estipulou a obediência aos intuitos napoleónicos, procedendo a Espanha, como contrapartida, à devolução dos territórios conquistados. Uma excepção: a de Olivença que se manteve “do lado de lá” como qualidade de conquista, seja lá o que isso fôr.

Entretanto, aproveitando o ambiente desavindo com a Espanha, o exército português no Brasil, como retaliação, não esteve com meias medidas e conquistou um vasto território pertencente à coroa espanhola – que aí não tinha o apoio das tropas francesas – ampliando o Estado de Rio Grande do Sul em mais de um terço até ao rio Uruguai. Tambem nunca houve devolução. Depois da independência, foi a vez do Brasil usar a tal “Lei” a seu favor.

A polémica estourou agora novamente porque o alcaide de Olivença decidiu celebrar a anexação com uma megaprodução que vai representar a reconstituíção da Guerra das Laranjas (como ficou conhecida essa invasão espanhola em terras portuguesas). Evidentemente que isto está ferir as susceptibilidades dos portadores da sensível alma lusitana, os quais saltam ferozmente em defesa dos irmãos oliventinos que vivem, coitados, há mais de dois séculos, sob a terrível pata castelhana.

Mas não há nada a fazer. A Lei do Mais Forte continua em vigor e, ou me engano muito, continuará viva por muitos e bons. A Espanha, contra Portugal, mantem a soberania sobre Olivença, como mantem sobre Ceuta contra Marrocos; mas não consegue soberania sobre Gibraltar, nem a Argentina sobre as Malvinas, porque aí é contra a Inglaterra. O Direito Mundial é apenas um conjunto de normas tendente a dar razão legal a quem já a obteve pela força.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Máscara hidratante para cabelos - receita caseira

Não sou do tipo de gastar muito dinheiro em tratamentos e produtos de beleza. A maior parte das vezes nem me dou ao trabalho de hidratar o corpo e o creme de viso comecei a usar mais por causa da dermatite que pelos seus eventuais benefícios de beleza. Mas no que respeita aos meus cabelos faço uma excepção - não vou ao cabeleiro mais do duas ou três vezes por ano mas estou sempre compulsivamente à procura do produto milagroso que transformará esta melena desgrenhada na moldura perfeita. No outro dia pus-me a arrumar o armário da casa de banho e cheguei à conclusão que os inúmeros frascos e frasquinhos de soluções mágicas para jubas desesperadas ocupam meia prateleira abundante. Champô, bálsamo, óleo, tratamento para pontas, start up hidratante, gel de definição de caracóis para aplicar em cabelos húmidos, gel de definição de caracóis para aplicar a seco, gel transparente de fixação forte, gel opaco de styling liso, abrilhantador, loção energética e sei lá que mais. Para quem nem sequer pinta o cabelo tenho um montão exagerado de dinheiro empatado em tralha não digo inútil mas que fica muito aquém dos resultados prometidos. Tenho que começar a simplificar. A última vez que fui ao cabeleireiro aconselharam-me uma máscara hidratante pré-champô milagrosa. Uma autêntica pechincha de 37€ por 100ml que garantia a juba mais fofinha do mundo com uma gota. Controlei a minha ânsia de me apoderar de mais um milagre comedido e resolvi fazer a minha própria máscara caseira:
Enchi um frasco de boca larga de tampa hermética (o mesmo que uso para macerar licores de fruta) com flores de camomila que comprei em ervanárias de confiança. E depois deitei-lhes azeite por cima até cobrir, fechei e pus no beiral da janela da minha cozinha a macerar ao sol. Ali o deixei por cerca de quinze dias, com um prato por baixo para prevenir a baba do azeite. Passado esse tempo passei o azeite por um filtro fino e voltei a versá-lo sobre mais umas mancheias de camomila nova. Vale a pena despender mais uns minutinhos a espremer bem a camomila macerada, para extrair o máximo possível de princípios activos emolientes. Passados outros quinze dias voltei a filtrar para uma garrafa de vidro e eis que está pronta a base da minha máscara hidratante. 10 euros de matéria prima para litro e meio de produto! Esta sim que é uma verdadeira pechincha. E nem cheira a azeite.
A maior parte das vezes uso-a assim mesmo. Mas se calha que tenho um bocadinho mais de fantasia e paciência completo a minha máscara hidratante com uma gema de ovo, mel líquido ou iogurte natural. É verdade que não produz milagres, mas como resultado não fica atrás dos super-produtos que custam 30 vezes mais!

Na festa de Natal da escolinha da Adelaide
Alguém quer partilhar outros tratamentos caseiros?
Boa noite!!

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A Adelaide e o crocodilo

Hoje fomos a Roma, visitar os avós do Giuliano. Por causa da neve dos últimos tempos já lá não íamos há três semanas. A Giulia está muito em baixo, tem dores fortes que não passam na perna e tanta incompreensão de quem a rodeia.
Voltámos a vestir a Adelaide de gato, mais para satisfazer os avós que por ela... o seu miado evoluiu para M-A-U e com os caracolitos que lhe brilhavam ao sol parecia mais um leãozinho que outra coisa qualquer.



Sabendo do fascínio que a Adelaide tem pela nossa brincadeira dos bichos a Cláudia comprou um fantoche com o formato de um crocodilo. A Adelaide assustou-se e armou um berreiro que só visto, lágrimas e tudo. Dessa ninguém estava à espera. Será que a minha brincadeira inocente a traumatizou? Tenho que dar a volta à situação: filha minha tem que A-M-A-R estes bicharocos!


Alguém por aí tem alguma ideia para resolver a coisa?
Beijinhos!

Teatro, sempre!

Hoje estamos a exercer a nossa função de avós. Ficámos com a Mariana e a Inês enquanto os progenitores vão passar o dia com o mais velho, que já está quase nos doze, a percorrer os locais de Lisboa onde se desenrolaram os acontecimentos históricos mais marcantes do Cinco de Outubro.
Iniciativa louvável. Todas as crianças - eu diria todas as pessoas, independentemente da idade - deviam ter a oportunidade de identificar onde e como aconteceu o Cinco de Outubro, o Primeiro de Dezembro, o Vinte e Cinco de Abril e qualquer outro episódio importante da nossa História, em Lisboa, no Porto ou em qualquer outra cidade. Alem de enriquecer o conhecimento, acima de tudo ensina-nos a amar a nossa cidade, o nosso país. Não se ama aquilo que se não conhece.

Ora, dizia eu, hoje ficamos com a responsabilidade de imaginar qualquer actividade para entreter as minhas netas. A coisa não é fácil, acreditem no que vos digo. Uma só, ainda vá lá. As duas, ainda por cima juntas, é o cabo dos trabalhos.

De maneira que fui à net e comprei bilhetes para o teatro. Peça para crianças, evidentemente. Fomos ao Politeama ver uma versão do "Pinóquio" encenada pelo La Féria em jeito de musical.

Tivemos ainda tempo de dar uma volta pelo Rossio para apanhar um pouco de sol e dar azo a que as garotas homenageassem condignamente este sábado gordo, a Mariana de "sevilhana" e a Inês (que outra coisa havia de ser senão) de "princesa".

O edifício é velhinho, as cadeiras são incómodas, mas teatro é teatro e nunca perco uma oportunidade de criar nos meus netos o gosto por esta arte que apesar da agressiva concorrência - o cinema, a televisão, o computador - (ainda) não morreu. Foi gratificante sentir que as miudas gostaram, bateram palmas, cantaram e ficaram freguesas de futuras experiências teatrais. Como espectadoras, é claro, se bem que tenho a sensação que a Mariana tem uma certa queda para a representação.

De regresso a casa tivemos a visita do meu neto mais recente, o Ricardo. Felizmente, porque com os seus quase seis meses de idade representa na perfeição o papel de boneco nas mão das primas, mais um factor para as manter ocupadas. Um alívio.

Hoje dormem cá em casa. Amanhã é outro dia.

Assim vão as coisas cá pelo burgo.


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Remendando

Metade da roupa que se acumulava (reparem que estou já a usar o tempo verbal passado!) toda amarfanhada dentro do meu armário eram peças a precisar de arranjos. Eu não deito nada fora... mas também não estava a fazer grande coisa para resolver a situação. Enfim, a montanha de roupa estava a transformar-se num elefante branco. A partir de agora não acumulo mais. O que vale a pena arranjar, arranjo logo (enfim, botões, pequenos remendos, meias, bainhas, coisas descosidas). O que não tem conserto ou se transforma em trapos ou vai para o saco de material para remendos. E sem que eu o tivesse planeado, depois de 15 dias de corte e costura rendi-me às evidências: é este o meu pequeno hábito de Fevereiro para reduzir a minha pegada ecológica.
Imagem retirada da Internet
Quando eu era miúda nem se me tivessem pagado me teriam convencido a aprender a coser. Era uma actividade demasiado feminina e durante muito tempo para mim a conotação "feminina" era negativa. Há poucos anos comecei a aprender a coser, o meu objectivo era ser independente e não ter que o pedir à minha mãe. Obviamente não sei quase nada. Para além de pregar botões sei só fazer o ponto caseado que na minha opinião vai muito bem para os remendos artísticos. Cheguei a comprar uma máquina de costura miniatura, mas não consigo funcionar com ela. Para já fico-me pelos meus pontinhos básicos feitos à mão e dependendo da necessidade aprenderei mais qualquer coisinha quando for o momento.  

Boa noite!

«Quem é Que o Sr Schauber Pensa Que É?»


É inconcebível que orgãos de comunicação alemães, entre eles alguns opinion makers come este, continuem a denegrir vergonhosamente a imagem da Grécia.
Esquecem, ou fingem esquecer, que a própria Alemanha é tambem responsável pela situação.

Mas não pretendo desenvolver este tema que, aliás, tem sido um paraíso para todos os engravatados que se arrogam de comentadores encartados, uns pró, outros contra esta ignomínia.

Como "nas costas dos outros vejo as minhas", quero apenas prestar uma singela homenagem ao povo grego, ele sim a principal vítima destes jogos políticos.

Zorba, o Grego, esse herói construído por Nikos Kazantzaki mas que habita o nosso imaginário, saltou do papel para o cinema e do cinema definitivamente para o mundo real, inspirando a dança da própria Natureza.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Miau

Quinta-feira gorda. Estão oficialmente abertas as hostilidades para as festas de Carnaval. Sinto que perdi a oportunidade de fazer eu própria a primeira máscara da Adelaide, mas não faz mal. Tive outras prioridades. Comprei-lhe um fato de gato que quase quase lhe serve também para o próximo ano e lá foi ela para o infantário toda compenetrada do seu papel. Praticámos toda a semana um "m-i-a-u" compreensível, mas o melhor que lhe sai por enquanto é "m-a-í". A mim soa-me a um miado perfeito! Não está linda?

Beijinhos!




Hábitos...

Recentemente alguem me fez chegar o testemunho de uma tal Helena Rico, 42 anos, emigrante portuguesa na Holanda, onde vive há uns três ou quatro anos com o marido e os filhos.

Diz ela:

«A propósito do desafio sobre os novos hábitos de poupança na abertura do ano lectivo, resolvi partilhar a minha experiência uma vez que vivo no norte da Holanda, onde tudo se passa de modo completamente diferente.

Em primeiro lugar, os livros são gratuitos. São entregues a cada aluno no início do ano lectivo, com um autocolante que atesta o estado do livro. Pode ser novo ou já ter sido anteriormente usado por outros alunos. No final do ano, os livros são devolvidos à escola e de novo avaliados quanto ao seu estado. Se por qualquer razão foram entregues em bom estado e devolvidos já muito mal tratados, o aluno poderá ter de pagá-los, no todo ou em parte.

Todos os anos, os cadernos que não foram terminados voltam a ser usados até ao fim. O contrário é, inclusivamente, muito mal visto. Os alunos são estimulados a reusar os materiais. Nas disciplinas tecnológicas e de artes, são fornecidos livros para desenho, de capa dura, que deverão ser usados ao longo de todo o ciclo (cinco anos).

Obviamente que as lojas estão, a partir de Julho/Agosto, inundadas de artigos apelativos mas nas escolas a política é a de poupar e aproveitar ao máximo. Se por qualquer razão é necessário algum material mais caro (calculadora, compasso, por exemplo), há um sistema (dinamizado por pais e professores, ou alunos mais velhos) que permite o empréstimo ou a doação, consoante a natureza do produto.

Ao longo do ano, os alunos têm de ler obrigatoriamente vários livros. Nenhum é comprado porque a escola empresta ou simplesmente são requisitados numa das bibliotecas da cidade, todas ligadas em rede para facilitar as devoluções, por exemplo. Aliás, todas as crianças vão à biblioteca, é um hábito muito valorizado.
A minha filha mais nova começou as suas aulas de ballet. Não nos pediram nada, nenhum fato nem sapatos especiais. Mas como é universalmente sabido, as meninas gostam do balletporque é cor-de-rosa e porque as roupas também contam. Então, as mães vão passando os fatos e a minha filha recebeu hoje, naturalmente, o seu maillot cor-de-rosa com tutu, e uns sapatinhos, tudo já usado. Quando já não servir, é devolvido. E não estamos a falar de famílias carenciadas, pelo contrário. É assim há muito tempo.
O meu filho mais velho começará a ter, na próxima semana, aulas de guitarra. Se a coisa for levada mesmo a sério, poderemos alugar uma guitarra ou facilmente comprar uma em segunda mão.
Este sistema faz toda a diferença porque, desde que vivo na Holanda, terminou o pesadelo do início do ano. Tudo se passa com maior tranquilidade, não há a febre do "regresso às aulas do Continente" e os miúdos e os pais são muito menos pressionados. De facto, noto que há uma grande diferença se compararmos o nosso país e a Holanda (ou com outros países do Norte da Europa, onde tudo funciona de forma idêntica). Usar ou comprar o que quer que seja em segunda mão é uma atitude socialmente louvável, pelo que existem mil e uma opções. Não só se aprende desde cedo a poupar e a reutilizar, como a focar as atenções, sobretudo as dos mais pequenos, nas coisas realmente importantes.
Regressar à escola é muito bom para os miúdos, mas também para as famílias».

O que mais me impressiona neste testemunho é que «usar ou comprar o que quer que seja em segunda mão é uma atitude socialmente louvável...» e que «o contrário é, inclusivamente, muito mal visto».

Dá que pensar, não é? E olhem que eu não sou suspeito, porque até nem gosto muito dos holandeses.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Valor de mercado



Queria não falar de trabalho, mas gira que gira acabo sempre por voltar ao argumento, que nem borboleta numa espiral de atracção suicida. No outro dia estava a falar com a cara metade sobre o valor de mercado de quem trabalha. Dito assim parece um pouco cru, mas afinal de contas é disso que se trata. Para além da necessidade efectiva do trabalho para garantir uma certa qualidade de vida, eu sinto também a necessidade de saber que tenho um certo valor de mercado. Ou seja, que a sociedade está disposta a pagar pela minha capacidade produtiva. E depois de tantos anos, estar em risco de perder o trabalho é também uma facada no meu orgulho. Como se de repente eu já não tivesse valor de mercado
Obviamente a cara metade não concorda comigo. Primeiro, diz que ninguém tem valor, simplesmente somos usados enquanto servimos para alguma coisa. Bah! A mim parece-me quase que estamos a discutir semântica. Segundo, que não me deveria importar o que eles pensam  de mim, visto que para a minha família eu tenho um valor absoluto imbatível. Eu sei. Mas a realidade é que por um lado, sinto que terei menos valor se não conseguir contribuir também para a economia familiar. Por outro, o facto de ter valor também para alguém que não me ama é uma grande satisfação. Equivalente a encontrar trabalho por mérito próprio, sem necessitar de cunha.
Eu penso assim. Se calhar cada ano que passa com menos certezas, mas ainda penso assim.
Abreijos.

The Girl With a Dragon Tatoo

Eu já sabia. Já estava mais que avisado. É uma regra básica, bem definida e infalível: um filme nunca chega aos calcanhares do livro que lhe inspirou o tema.

Bem, infalível, infalível não é. Há as excepções que confirmam a regra.

E foi na expectativa de me deparar com uma excepção que ontem fui ver “Os Homens Que Odeiam as Mulheres”, baseado no primeiro volume da trilogia “Millennium” do sueco Stieg Larsson. Em vão.

Houve sem dúvida um louvável esforço no sentido de não abastardar a história com os desvios habituais, tão característicos quando o guionista subalterniza a trama ao marketing da indústria cinematográfica. Mas o resultado foi uma sequência algo confusa, principalmente na parte final, quase apenas compreensível para quem leu o livro.

A cenografia está boa. A pequena ilha onde se desenrola a história, a ponte que a liga à cidade de Hadestrad, as casas, o inverno rigoroso daquele norte sueco, tudo está conforme a descrição do autor e a imaginação de quem o leu. Falha no entanto a amostragem de uma Suécia algo diferente da imagem política e social que transparece para o exterior, designadamente para nós, que vivemos cá mais para o sul. Uma Suécia onde, conforme descreve Larsson, tambem existe corrupção - e muita - onde o bem estar material não é suficiente para camuflar um amálgama de sentimentos contraditórios geradores muitas vezes de graves patologias sociais. O filme é um policial. O livro é-o tambem, mas é muito mais do que isso.

Mas para mim onde o filme falha mais é na incapacidade de captar a personalidade absolutamente fascinante duma Lisbeth tal como foi imaginada e criada por Larsson. O filme mostra uma Lisbeth rebelde, pouco sociável e desenrascada. A Lisbeth que eu li é muito mais do que isso, é rebelde e terrivelmente inteligente, sim, mas amarga, desiludida, desenraízada, revoltada, desde muito jovem vítima de uma penalização que considera injusta, decorrente de normas rigorosas mas desumanamente frias, quase kafkianas, a que está sujeita. Náo, realmente não era fácil transmitir ao espectador a sensação desconfortável mas apaixonável duma mente como a de Lisbeth.

Enfim, para quem não leu o livro talvez valha a pena ver este policial. Não é mais que isso.

E assim vão as coisas cá pelo burgo.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Etecetera e tal

Diz o poeta Guimarães Rosa que viver é etecetera. Atrevo-me a dizer que lhe faltou o tal na definição. É certo que viver é o etecetera de todos os dias, o etecetera inglório que omitimos quando trocamos novidades, o etecetera  que se dilui no casa-trabalho-trabalho-casa monótono com que resumimos a nossa existência. Mas no viver existe também o tal. O tal está para o viver como o sal está para o pão. Por exemplo, o dia de S. Valentim: não é uma obrigação calendarizada, é um pretexto para acrescentar um tal ao etecetera. Seja esse tal uma ida ao cinema, uma flor, um jantar romântico ou um simples beijo na bochecha.
O meu tal para o Giuliano foi um envelope com seis vales sem data de validade, para serem levantados quando entender. Vale para um jantar de gastronomia romântica. Vale para uma noite de amor descadenado. Vale para um fim-de-semana num sereno onde calhar. Vale para um dia de inspiração cultural. Vale para um passeio de insignificante abandono. Vale para uma caminhada na natureza luxuriante.
O tal do Giuliano para mim foram flores e chocolates em forma de coração.
Cozinhei gnocchi feitos à mão, em molho de tomate e cogumelos. E agora deixo-me adormecer no sofá ao lado dele, abandonando-me ao etecetera com um sorriso de tal nos lábios.


Beijinhos

Valentinices

E pronto. Cá estamos em mais um dia em que por obrigação calendarizada somos obrigados a fazer qualquer coisa, quer tenhamos vontade, quer não. É como no carnaval: temos de cantar, saltar e foliar em dia e hora marcada nem que estejamos com uma valente enxaqueca.

Mas, em boa verdade, para que precisamos nós, portugueses – maioria de razão se formos mesmo lisboetas - de andar a reboque de um tão longínquo S. Valentim quando temos um Santo António aqui mesmo entre nós ao virar da esquina? É casamenteiro como o outro e escolheu melhor a data: é muito mais primaveril.

Depois, convencionou-se que os 14 de Fevereiro são tambem Dia Mundial da Disfunção Eréctil. C’um caneco! Com tantos dias à disposição no calendário e logo tinham e escolher este, que é dia de namoro. Não é que uma coisa seja incompatível com a outra, é certo, mas, valha a verdade, que não dá jeitinho nenhum, não dá.

Alem disso, o infeliz do Valentim morreu decapitado. Lá no fundo, não lhes faz um bocadinho de confusão estar a passar uns momentos agradáveis em cima da memória daquele desgraçado? Pode até provocar engulhos em almas mais sensíveis. (Ora cá está! Dia da Disfunção Eréctil. Afinal está bem visto).

Cá para mim, porem, acho que é sempre de aproveitar o pretexto. Vou munir-me da indispensável florzinha e papar um jantarinho à luz das velas na companhia da minha namorada de há mais de quarenta anos.

Assim vão as coisas cá pelo burgo.

PS: Ó João, por que carga d’água é que o nosso blogue agora tem publicidade?

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Saber delegar #2

Já aqui uma vez dei a minha opinião sobre como é importante delegar parte do trabalho de casa numa colaboradora especializada. Podendo, obviamente, visto que custa dinheiro. É importante para mim, que compro tempo de qualidade para fazer outras coisas, importante para quem trabalha, pois precisa do dinheiro, e importante para a sociedade, visto que estamos a gerar trabalho.
Hoje falarei da segunda grande lição que aprendi sobre delegar: as máquinas. Os electrodomésticos existem para nos facilitar a vida, há que maximizar a sua utilização. Parece uma banalidade, mas na realidade existem diversas rasteiras que nos vamos colocando a nós próprios para nos impedirmos de gozar a tranquilidade comprada com o electrodoméstico.
Por exemplo, a máquina de lavar roupa: quantas vezes acabamos por comprar uma peça de roupa delicada que temos que lavar à mão? Às vezes sem darmos por isso, depois vamos a ler as etiquetas e zás! Estamos tramadas! Não pode ir à máquina! Não sei vocês, mas eu nessas alturas penso qualquer coisa como #&%=$»»!! Lições aprendidas: (1) Verificar sempre a etiqueta antes de comprar roupa. (2) Se a tentação de comprar qualquer coisa que não pode ir à máquina persistir,  bater com a cabeça na parede até que a vontade passe. (3) Vale a pena investir na máquina que leva 8 quilos de carga - é a única maneira de lavar menos e poupar energia e o ambiente sem comprometer a nossa serenidade. 
Outro exemplo, a máquina de lavar loiça: comprei a minha há dois anos e ainda lhe faço olhinhos doces. Eu meto lá tudo: pratos, copos, talheres, frigideiras, panelas, taças, tupperwares, tampas, garrafas, jarras e até os bicos do fogão. Lições aprendidas(4) Comprar loiça super fina que não pode ir à máquina? Bater com a cabeça na parede etc, etc. (5) Frigideiras e panelões que ocupam metade da máquina? Não ter medo de lavar a máquina 1 vez por dia, e quando recebemos visitas duas ou três. (6) Arrumar a loiça imediatamente que a máquina acabar de lavar: assim está sempre pronta ser usada! 
Só mais dois exemplozinhos antes de declarar forfait e ir dormir: 
O microondas. Lições aprendidas(7) Comprar loiça que não pode ir ao microondas? Bater com a cabeça etc etc. (8) Procurar sempre outras maneiras de facilitar a vida: aprendi que se podem esterilizar os  frascos das compotas e doces no microondas, é uma maravilha! 
Robot de cozinha, Bimbys e afins. Lições aprendidas(9) Nada de ter que trepar até às prateleiras mais altas para os desencantar. Pequenos electrodomésticos de utilização frequente (semanal) têm que estar à mão de semear, senão acabam por não ser usados. (10) Não usá-los porque sujam e estamos muito tempo a lavá-los? Metê-los na máquina.




Como gosto de encontrar maneiras de facilitar a minha vida! Qualquer sugestão nesse sentido é bem vinda!
Beijinhos e boa noite!

Ainda sobre o Acordo Ortográfico

Corre na net uma Petição Pública para revogação do novo Acordo Ortográfico. Eu subscrevo.

Consta que o dito Acordo Ortográfico (AO) foi elaborado por especialistas conceituados. Eu não sou especialista na matéria. Limito-me a saber ler, penso que consigo interpretar o que leio e vou escrevinhando umas coisitas conforme sei e posso. Mas as minhas limitações não me inibem de detectar um largo conjunto de incoerências nos princípios que presidiram às alterações da grafia que foram definidas por esse colégio de sábios de mente engravatada.Senão, vejamos:

O critério principal para eliminação, por exemplo, das consoantes mudas é o da pronúncia: não se lê, não se escreve. “Directo” passa a “direto”, “recepção” a “receção”, etc.. Facilitar é preciso e, portanto, devemos escrever conforme dizemos.

Mas, então, porque se continua a escrever “homem”, “horta”, “honestidade”, etc., com “h”? O “h” não se pronuncia, logo, pelo mesmo critério, não é necessária a sua grafia. A sua manutenção passa a ser justificada pela «força da etimologia» e o mesmo argumento etimológico é utilizado para manter o “e”, o “o” e o “u” mesmo quando pronunciados de forma diferente. Por exemplo, pronunciamos “amiaça” mas escrevemos “ameaça”. Afinal, o Acordo deve submeter-se à pronúncia ou à etimologia? E onde pára a etimologia quando passa a escrever-se "Egito"? Faz algum sentido escrever que o natural do "Egito" é um "egípcio"?

Os critérios do uso dos acentos gráficos é outro manancial de incongruências. As razões apontadas para os suprimir ou manter são de uma incoerência evidente chegando ao ponto de, quando já não se sabe que mais argumentar, deixar ao critério de cada um. Ridículo? Pois, mas é verdade. Dou exemplos:

O AO mantem o acento em “pôr” (tempo verbal) para se distinguir de “por” (preposição) no sentido de evitar a homografia, assim como mantem “pôde” para não se confundir com “pode”. No entanto, extingue o acento em “pára” embora seja óbvio que se confunde com “para”. Porquê? Argumenta-se que «o contexto sintáctico permite distinguir as homografias». Tretas! “Por” e “pôr” tambem são distinguíveis na sintaxe do contexto, bem como “fábrica” se distingue de "fabrica" ou “análise” de "analise" e apesar disso continuam com acento gráfico. Por outro lado, entre “dêmos” (presente do conjuntivo) e “demos” (pretérito perfeito do indicativo) a acentuação fica ao critério de cada qual, um pouco ao jeito de «olhe, já não sei que lhe diga, faça como quiser». São apenas exemplos que me ocorrem neste momento, não são casos únicos desta incoerência de critérios.

No capítulo da utilização do hífen nem quero entrar. Direi mesmo que os critérios aplicados são um mar de tanta incoerência que ninguem lhes compreende a lógica.

Resumindo, o chamado Acordo Ortográfico mais não é que um conjunto de normas com pouco ou nenhum nexo, cujo objectivo é, por razões meramente economicistas, uma bem evidente colagem à grafia da língua portuguesa usada no Brasil. Não sou nenhum purista, mas não aceito o abastardamento da minha língua em nome de uma discutível aproximação económica.

Assim vão as coisas cá pelo burgo.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Em fuga pelos sonhos



Domingo. Amanhã começa a semana. Amanhã dirão os textos, livros, professores? Oh menina, então  não aprendeu que o primeiro dia da semana é Domingo? Pois claro que aprendi. Mas mudou tanta coisa na vida que decidi mudar também essa. Há que tempos que o primeiro dia da semana para mim é Segunda-feira. Questão de (des)organização mental.
Mas dizia eu, Domingo. Dei-me ao luxo de dormir a sesta. Fui adormecer a Pimpolha e acabei por ficar com ela naquela modorra quentinha, a ouvi-la respirar. E depois deixei-me levar pelo esquecimento do sono. Se pudesse teria dormido a tarde toda, perpetuando ao máximo a minha fuga por entre sonhos e dimensões inventadas. Acordei com o Giuliano a vociferar impropérios contra as redes sociais, a Internet e tecnologias afins. Conseguiu apagar a sua página do LinkedIn, mas ainda aparece nos motores de busca com a informação profissional resumida. Irritado até à quinta potência, transforma o assunto numa questão de princípio - não se sente dono e senhor da sua identidade. Dou por mim a pensar onde acabam os princípios e começa a obsessão e a desejar ardentemente não ter acordado.
Lá fora recomeçou a nevar, mas é uma nevezinha tão tímida que nem me alimenta a esperança de não conseguir ir trabalhar amanhã. Como tímidos têm sidos os meus esforços de disciplinar-me a recomeçar a fazer exercício físico. Quem poderia imaginar quanto é difícil  encontrar 15 minutos por dia para fazer exercício? É que há sempre qualquer coisa mais importante para fazer. Quanto mais não seja brincar com a Besnica. De maneira que resolvi enganar a minha percepção de prioridade. Em vez de 15 minutos por dia de exercício sério (sei lá, yoga, Pilates, aeróbica) decidi fazer 15 minutos diários de brincadeira movimentada. Dançar, brincar na neve, fazer cambalhotas, jogar à apanhada. A Adelaide está disposta a tudo, basta acompanhá-la. Uma das nossas brincadeiras preferidas é imitar os animais, e escusado será dizer que o animal mais divertido é o crocodilo. Como se imita o crocodilo? Estendemo-nos, eu agarro a Adelaide e começamos a dar voltas que nem croquetes na coberta enquanto faço barulho com os dentes. Ah pensam que é fácil? Então tentem lá!!  E seja como for conta como exercício físico!

Beijocas!

Anda Tudo Baralhado

A versão meio abastardada da língua portuguesa preconizada pelo aborto, perdão, acordo ortográfico, anda a pôr toda a gente num estado de pré-esquizofrenia. Nos jornais, por exemplo, há notícias, reportagens e entrevistas escritas ao abrigo da nova ortografia, mas os editoriais e artigos de opinião utilizam quase sempre a ortografia antiga. Quem lê o que se escreve fica completamente baralhado. Em que é que ficamos? Não sei, mas cá por mim vou continuar a escrever como aprendi e seja o que Deus quiser.

Este baralhanço gera às vezes situações verdadeiramente hilariantes, como a publicidade na montra de uma loja da Trezenis em Lisboa a promover os seus artigos alusivos ao próximo Dia dos Namorados:

Soutien + Queca €9,90

Piada, piada, teria alguem com a necessária presença de espírito entrar na loja, dirigir-se à menina do balcão e dizer: "Olhe, só estou interessado na queca, pode ficar com o soutien se quiser. Faz-me um descontozinho?"

Assim vão as coisas cá pelo burgo.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Brincadeiras na neve

Hoje tinha pensado ir à Fiera de Roma ver a Feira Internacional do Hobbie e do Jogo, mas para não fugir à tradição (é o terceiro ano que não consigo ir) também este ano me fiquei pela intenção. Desta vez foi a neve. Começou a cair ontem, de mansinho como se não fosse nada, e depois intensificou. De maneira que hoje ficámos por casa e transformámos o nosso divertimento familiar em brincadeiras na neve.
Fizémos um anjo, atirámos bolas de neve e por fim construímos o nosso primeiro boneco, com chapéu e tudo. A Adelaide estava tão agasalhada que mal se conseguia mexer.

Que coisa estranha, é fria e molhada a neve!  

O nosso primeiro boneco de neve
E por aí, que actividades familiares fizeram hoje? Partilhem!!
Beijinhos 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Casinha


Desabafo

Fel, fel, não. Hoje não me sinto a destilar fel. Apetece-me é dizer asneiras.

Habitualmente até nem costumo dizer palavrões. Não tenho nada contra quem os diz e até há aqueles a quem acho piada quando em determinado contexto – uma anedota ou uma citação, por exemplo – usam o vernáculo tal e qual para que não haja dúvidas interpretativas. Por outro lado tambem, toda a gente ouve as maiores obscenidades aparentemenete sem se chocar, desde que ditas em inglês, designadamente nos filmes - aquelas “expressões idiomáticas” que os camones vociferam a torto e a direito seja em casa a interpelar a mãe ou na igreja a falar com Deus, que traduzidas à letra dariam prisão em Portugal e pena de morte na Arábia Saudita. Achamos normalíssimas mas eu não as uso na minha língua. Nem mesmo quando a rapariguita recem-encartada, de nariz empinado e a olhar por cima do ombro, ultrapassa um stop e, repentinamente, aparece-me vinda da esquerda, atravessa-se à minha frente e obriga-me a uma travagem in extrermis. “Ah! Sua grandecíssima...” e o resto morre-me na garganta. Pois já estão a ver como eu trato de manter a integridade da norma culta do meu idioma paterno (se tivesse escrito língua, era materna, claro!).

Como é que eu cumpro estes pruridos estéticos mesmo nas situações mais críticas? É simples. Imagino que por cima da minha cabeça aparece um balão, daqueles usados nas histórias aos quadrinhos, que em vez de com vocábulos rudes e ofensivos são preenchidos com grafismos variados como cobras, lagartos, crâneos, tíbias, punhais retorcidos, etc., como os de vez em quando aparecem por cima da cabeça da Mafaldinha. Ou então penso num apito agudo que abafe o palavrão, como se costuma ouvir na rádio ou na televisão quando o Valentim Loureiro é entrevistado. Às vezes o apito na minha cabeça mais parece a sirene de uma ambulância, nomeadamente quando ouço o ministro das finanças a discursar na Assembleia.

Pois, mas hoje, sem perceber porquê, quando comecei a escrever este disparate sem pés nem cabeça a que se convencionou chamar post, só me apetecia desatar a dizer asneiras. De repente descobri a razão desta minha irritação. Acontece que o dedo indicador da minha mão esquerda está momentaneamente inoperacional porque sou obrigado a ter o braço ao peito. Calculam o desespero que é escrever este texto com as minhas capacidades escrevinhadoras reduzidas a 50%?

Portanto aqui vai uma fiada de impropérios em calão de baixo nível em jeito de desabafo para descomprimir: por que raio de f&lh# da p%t$ de sorte é que me havia de dar esta m&=d$ de dor para terem de me enfiar no ombro um c#r$l«o de uma agulha que mais parecia um corno de c5%$ão ?

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Hoje destilo fel #2





O Neo Big Brother

Hoje não me apetece escrever no blogue. Vou deixar que alguem o faça por mim

No Portugal destes dias e pelo menos até ao fim de 2013 – depois disso logo se verá – vamos vivendo numa espécie de nova versão do Big Brother. Os nossos “queridos lideres”, esses moscardos que se alimentam da lixeira que os anteriores deixaram e que vão defecando de forma a deixarem ainda mais imundície para os que vierem a seguir, insinuam constantemente, inculcam no espírito de quem religiosamente os ouve que estamos em permanência sob observação. Pelo sim, pelo não, o melhor é estarmos quietos e não arriscarmos uma admoestação ou mesmo uma reguada por mau comportamento. Manifestações – não porque demonstra instabilidade social e os “mercados” estão à espreita; feriados – não porque a srª Merkel quer é que se trabalhe; gozar o carnaval – não porque a troika pode cá vir nesse dia; etc..

A propósito deste ambiente abafado, encontrei por aí este engraçado texto. Não sei quem é o autor mas é ele – ou ela - que eu escolho para preencher o meu post de hoje.

Última Hora: Troika proíbe “orgasmo simultâneo”

Durou pouco o sonho português de se vir a perceber como regular o trânsito sexual, por forma a tornar o orgasmo simultâneo. Uma sexóloga preparava-se para revelar o segredo no salão erótico do Porto, mas a Troika emitiu um comunicado onde diz que os casais têm de optar, uma vez que só um deles pode gozar. O outro deve estar a trabalhar.

«É verdade que Portugal está a fazer bem o trabalho de casa, mas os mercados não vão compreender se virem os casais à procura do orgasmo simultâneo com a bancarrota a espreitar», afirmou o senhor do FMI, que explica: «Enquanto a crise não passar, recomenda-se que o casal decida quem vai gozar dessa vez. Depois é fácil, um goza, o outro passa o coito a trabalhar.»

Contactados pelo reporter, os portugueses mostraram-se descontentes com mais esta medida de austeridade, mas também recordam que sempre foi assim. «A bem dizer, sempre houve um que gozava e o outro "trabalhava", se é que me entende. Mesmo no tempo do senhor doutor Cavaco e Silva, já era assim. Um gozava e o outro trabalhava, não havia cá orgasmos simultânicos. E naquela altura ainda havia os fundos da C.E.E. Agora veja lá...», recorda Simoneta, casada com Armando, que foi abanando afirmativamente a cabeça durante a resposta da mulher, tendo concluído, já no final, «é verdade, sim senhor».

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Dignidade

Dignidade. Soa a retrógrado. Uma palavra que nos habituámos a ouvir da boca dos nossos avós. Caída em desuso. Hoje não é mais do que uma palavra de dicionário.
É necessário voltar a ensinar aos yupies de hoje o conceito de dignidade. E que coisa significa tirar a dignidade a alguém.
É necessário que os políticos yupies de hoje compreendam que os adultos que não conseguem chegar ao fim do mês são despojados da sua dignidade de chefes de família. Se o compreendessem não tornariam a chamar-lhes piegas.



É necessário que os managers empresariais yupies de hoje compreendam que quem perde o trabalho perde mais do que o sustento, perde dignidade. Se o compreendessem não tornariam a fazer mobing.

Abreijos

Pieguices...

A vida familiar vai-se arrastando num tão rotineiro rame-rame que tenho de me socorrer do que se vai passando fora de portas, entre os fait divers protagonizados pelos actores da nossa distinta classe política, para obter algum tema minimamente interessante que dê trabalho bloguista aos meus dois dedos escrevinhadores.
Não tenho de me esforçar muito na procura. Mais uma vez é o primeiro ministro, o “querido lider” a que temos direito, a dar outro tiro no pé e a proporcionar-me o extravasar deste meu gozo sádico de dar mais uma bordoada no ceguinho.
Desta feita, o dito senhor, numa escola em Odivelas onde foi discursar não sei a propósito de quê, dirigindo-se generalizadamente ao povo português, perourou na sua voz meio gutural de cantor lírico esta pérola lapidar: “Devemos persistir, ser exigentes, não sermos piegas!”. Ipsis verbis.
Então não é que o homem é mesmo uma besta!
Não sou político, nunca me candidatei nem penso candidatar-me a qualquer cargo público, não sou comentador televisivo com pretensos ou alegados dotes de opinion maker, portanto posso dar-me ao luxo de usar e abusar dos impropérios que muito bem entender e, porque não tenho jeito para pieguices, dizer alto e bom som: o homem é uma besta !
Piegas? Então a grande maioria do povo português, sujeito como está a uma iniquidade sem paralelo desde meados do século passado, causticado por impostos arrasadores, com índices guinnessianos de desemprego, com a espada de Dâmocles da falência sempre a adejar sobre a cabeça, alvo de uma austeridade em expansão que continua a afectar prioritariamente quem menos (ou já nada) tem em contrapartida de quem continua a poder enfiar o dinheiro em offshores, só porque às tantas e por uma vez se queixou, é piegas?
Sr Primeiro Ministro, deixe de ser uma besta. Dê-se ao incómodo de olhar à sua volta, de sentir a realidade fora da sua redoma protectora, observe como muitas famílias vão ficando primeiro sem emprego, depois sem casa e por fim sem outro meio de subsistência que a solidariedade do próximo e, no entanto, resistem estoicamente a todas as adversidades na esperança que esteja a falar verdade quando lhes promete que esta provação em breve passará e que melhores dias virão. Uma coisa lhe garanto eu: Ai de si se lhes está a mentir! Olhe que os brandos costumes são uma blague!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Um Coelho Nada Carnavalesco

Sacrifícios e austeridade. É este, em síntese, o tema de todos os discursos do actual Primeiro Ministro. E por isso decidiu acabar com a tradicional tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval.
Esclareço desde já que não sou grande entusiasta de ter de me divertir só porque está combinado que é o dia e a hora de toda a gente se divertir. O Carnaval não me diz nada, ou antes, provoca-me arrepios quando assisto na televisão às girls em biquini a desfilar com um frio de rachar pelas ruas de Ovar, da Mealhada ou de Torres Vedras.
Porem, acho que os agentes económicos têm o direito de saber com segurança e previsibilidade as linhas com que se cozem, sem depender das decisões casuísticas de cada governo, ano a ano. Esta decisão vai afectar a economia local de muitos concelhos que esperam ansiosamente pelos três dias do Carnaval, assim como pelo Natal ou a Páscoa, para terem mais um pequeno balão de oxigénio que lhes permita resistir mais um pouco à morte anunciada. Desde há muitos meses que restaurantes, logistas, hoteis e pequenas empresas de turismo de Loulé, Sines, Sesimbra, Cascais, Torres Vedras, Mealhada, Ovar, Campo Maior, etc., incentivados pelas respectivas Câmaras Municipais, têm vindo a contribuír, sabe deus como, para a realização dos corsos carnavalescos que atraiam alguma abençoada facturação aos seus negócios. Tudo em vão. O Pai Tirano decidiu pôr os meninos preguiçosos na ordem e lá vão uns milhões de investimento por água abaixo. Se o governo queria acabar com as festas de Carnaval, devia ter avisado com a antecedência com que elas começam a ser preparadas por esse país fora: um ano.
Decisão em abono do aumento de produtividade, dir-se-á. Se Passos Coelho conhecesse mais empresas do que aquelas onde trabalhou(?) como boy, saberia que o imprescindível aumento de produtividade do País não tem a ver com os feriados nem com as horas que se trabalha; tem a ver, sim, com o esvazeamento que feito na nossa economia, com o mau funcionamento do Estado e com a má organização das empresas por falta de empresários actualizados e bem preparados.
Com decisões destas, estupidamente precipitadas, sem se debruçar minimamente na análise das consequências, o sr Quem-de-Direito mais não faz que criar irritação, muita irritação. Veremos até quando...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Roupa, roupa, roupa e mais roupa

Não há divisão da casa que escape. A roupa é o principal responsável pela geração de hotspots em minha casa. Por hotspot entende-se, por analogia com a definição ecológica, uma área de grande riqueza específica. No contexto de uma casa, são zonas-magneto que atraem toda o género de tralha, a qual obviamente, dotada de vida própria, cresce e multiplica feliz e contente. Alguns exemplos de hotspots? 
O servo mudo e a cómoda do meu quarto.

Nos dias piores está assim...
O termosifão do quarto da Adelaide.
Sempre com roupa a acabar de secar e que depois fica dias a  esperar para ser arrumada...

O meu armário (já para não falar do armário da Adelaide).

Cheio até ao cimo de roupa e de outras coisas para as quais não defini ainda um sítio
O corredor.

Uma relação casacos/pessoas de de 3:1...

O berço da Adelaide.
Ao menos serve para alguma coisa...

As cadeiras da sala.
Cobertas e coisas afim
Guerra sem piedade a estes hotspots!!
Beijos