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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

The Girl With a Dragon Tatoo

Eu já sabia. Já estava mais que avisado. É uma regra básica, bem definida e infalível: um filme nunca chega aos calcanhares do livro que lhe inspirou o tema.

Bem, infalível, infalível não é. Há as excepções que confirmam a regra.

E foi na expectativa de me deparar com uma excepção que ontem fui ver “Os Homens Que Odeiam as Mulheres”, baseado no primeiro volume da trilogia “Millennium” do sueco Stieg Larsson. Em vão.

Houve sem dúvida um louvável esforço no sentido de não abastardar a história com os desvios habituais, tão característicos quando o guionista subalterniza a trama ao marketing da indústria cinematográfica. Mas o resultado foi uma sequência algo confusa, principalmente na parte final, quase apenas compreensível para quem leu o livro.

A cenografia está boa. A pequena ilha onde se desenrola a história, a ponte que a liga à cidade de Hadestrad, as casas, o inverno rigoroso daquele norte sueco, tudo está conforme a descrição do autor e a imaginação de quem o leu. Falha no entanto a amostragem de uma Suécia algo diferente da imagem política e social que transparece para o exterior, designadamente para nós, que vivemos cá mais para o sul. Uma Suécia onde, conforme descreve Larsson, tambem existe corrupção - e muita - onde o bem estar material não é suficiente para camuflar um amálgama de sentimentos contraditórios geradores muitas vezes de graves patologias sociais. O filme é um policial. O livro é-o tambem, mas é muito mais do que isso.

Mas para mim onde o filme falha mais é na incapacidade de captar a personalidade absolutamente fascinante duma Lisbeth tal como foi imaginada e criada por Larsson. O filme mostra uma Lisbeth rebelde, pouco sociável e desenrascada. A Lisbeth que eu li é muito mais do que isso, é rebelde e terrivelmente inteligente, sim, mas amarga, desiludida, desenraízada, revoltada, desde muito jovem vítima de uma penalização que considera injusta, decorrente de normas rigorosas mas desumanamente frias, quase kafkianas, a que está sujeita. Náo, realmente não era fácil transmitir ao espectador a sensação desconfortável mas apaixonável duma mente como a de Lisbeth.

Enfim, para quem não leu o livro talvez valha a pena ver este policial. Não é mais que isso.

E assim vão as coisas cá pelo burgo.

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