Introdução
Punha-me a imaginar com seria a casa de Petronilla, a sua cozinha cheia de bons odores . E comecei a desejar que a minha casa mudasse, que se transformasse num lar à medida dos meus sonhos, um refúgio zen para mim e para os meus. E foi assim que finalmente, aos 38 anos, depois de tanta resistência emotiva mascarada de racionais feministas, a casa tomou definitivamente lugar nas minhas metas de evolução.
Começo pela cozinha, claro. Ou não fosse neta da minha avó e filha da minha mãe. São delas as cozinhas da minha infância. Mas a minha é diferente, está feita à minha medida. Ocupa um ângulo da sala, o espaço delimitado por um balcão coberto de granito rosa. E eu gosto dela assim, posso estar a fazer outras coisas enquanto cozinho, privar com hóspedes, brincar com Adelaide, ver televisão. Não me sinto segregada com os preparativos culinários. As únicas limitações evidentes são o ruído dos electrodomésticos que invade nefastamente o nosso espaço lúdico e os cheiros de cozinhado que, por muito bom que seja chateia à brava quando não respeita os limites sugeridos pelo balcão.
(cont.)
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