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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Ainda sobre o Acordo Ortográfico

Corre na net uma Petição Pública para revogação do novo Acordo Ortográfico. Eu subscrevo.

Consta que o dito Acordo Ortográfico (AO) foi elaborado por especialistas conceituados. Eu não sou especialista na matéria. Limito-me a saber ler, penso que consigo interpretar o que leio e vou escrevinhando umas coisitas conforme sei e posso. Mas as minhas limitações não me inibem de detectar um largo conjunto de incoerências nos princípios que presidiram às alterações da grafia que foram definidas por esse colégio de sábios de mente engravatada.Senão, vejamos:

O critério principal para eliminação, por exemplo, das consoantes mudas é o da pronúncia: não se lê, não se escreve. “Directo” passa a “direto”, “recepção” a “receção”, etc.. Facilitar é preciso e, portanto, devemos escrever conforme dizemos.

Mas, então, porque se continua a escrever “homem”, “horta”, “honestidade”, etc., com “h”? O “h” não se pronuncia, logo, pelo mesmo critério, não é necessária a sua grafia. A sua manutenção passa a ser justificada pela «força da etimologia» e o mesmo argumento etimológico é utilizado para manter o “e”, o “o” e o “u” mesmo quando pronunciados de forma diferente. Por exemplo, pronunciamos “amiaça” mas escrevemos “ameaça”. Afinal, o Acordo deve submeter-se à pronúncia ou à etimologia? E onde pára a etimologia quando passa a escrever-se "Egito"? Faz algum sentido escrever que o natural do "Egito" é um "egípcio"?

Os critérios do uso dos acentos gráficos é outro manancial de incongruências. As razões apontadas para os suprimir ou manter são de uma incoerência evidente chegando ao ponto de, quando já não se sabe que mais argumentar, deixar ao critério de cada um. Ridículo? Pois, mas é verdade. Dou exemplos:

O AO mantem o acento em “pôr” (tempo verbal) para se distinguir de “por” (preposição) no sentido de evitar a homografia, assim como mantem “pôde” para não se confundir com “pode”. No entanto, extingue o acento em “pára” embora seja óbvio que se confunde com “para”. Porquê? Argumenta-se que «o contexto sintáctico permite distinguir as homografias». Tretas! “Por” e “pôr” tambem são distinguíveis na sintaxe do contexto, bem como “fábrica” se distingue de "fabrica" ou “análise” de "analise" e apesar disso continuam com acento gráfico. Por outro lado, entre “dêmos” (presente do conjuntivo) e “demos” (pretérito perfeito do indicativo) a acentuação fica ao critério de cada qual, um pouco ao jeito de «olhe, já não sei que lhe diga, faça como quiser». São apenas exemplos que me ocorrem neste momento, não são casos únicos desta incoerência de critérios.

No capítulo da utilização do hífen nem quero entrar. Direi mesmo que os critérios aplicados são um mar de tanta incoerência que ninguem lhes compreende a lógica.

Resumindo, o chamado Acordo Ortográfico mais não é que um conjunto de normas com pouco ou nenhum nexo, cujo objectivo é, por razões meramente economicistas, uma bem evidente colagem à grafia da língua portuguesa usada no Brasil. Não sou nenhum purista, mas não aceito o abastardamento da minha língua em nome de uma discutível aproximação económica.

Assim vão as coisas cá pelo burgo.

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