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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Caça

Não sou caçadora. Não sou agressiva. Não sou competitiva. É por isso que a terminologia usada pela agência de trabalho que me está a apoiar me deixa desconfortável. Falam continuamente de caça. Alvos de caça. Estratégia de caça. Caçadores de cabeças. A minha consultora é uma miudeca que não terá mais do que 30 anos. Chama-se Marilù. Enche a boca com estes termos empresariais, faz pose de grande confiança, semisserra os olhos quando recita a memória. Segue quase todas as estratégias que nos ensinam nos cursos de "influência positiva" (leia-se manipulação) corporativos - "o seu currículo é perfeito", "a sua idade é mesmo a indicada", "temos óptimas ideias para si", "blá blá blá". Tem dois grandes defeitos:

  • o de não saber Escutar (com E grande, que é diferente de ouvir). Se soubesse escutar, teria interiorizado desde o início as características do trabalho que eu quero encontrar. Se eu decidir trocar o trabalho que tenho por um precário posso fazê-lo sozinha, não preciso que mais ninguém me ajude a estender a armadilha. 
  • e o de se estar nas tintas para mim. Conhecemo-nos desde Outubro. Não me perguntou uma única vez como vão as coisas, como está a Adelaide, o que penso sobre esta situação. Para ela não passo de um número. Tanto, é a Procter que paga... Talvez não seja má pessoa, mas não confio nela.  
Nos dias em que me sinto mais irritada desabafo que esta Agência não serve para nada. Mas na realidade não é bem assim. Ajudaram-me a definir os alvos de caça. Não se lembraram de nenhum que eu já não tivesse pensado, mas declarado e escrito preto no branco estabeleceu a base para refinar a estratégia de caça.  São os meus alvos: (1) Indústria química-farmacêutica (não exclusivamente departamento de investigação), (2) Sócio-ambiental, (3) Import-export ou outras que me permitam usar as minhas capacidades linguísticas.
Uma vez definidos os alvos, a estratégia de caça veio por si:  tenho um currículo-tipo para cada categoria, traduzido em italiano e em inglês. 
- Resposta a anúncios: Não deixo passar um anúncio sem responder imediatamente (máximo uma semana). Telefono para dar seguimento ao envio do currículo e saber se interessou. Quando tenho sorte aparecem dois anúncios por semana. Se eu assinalo à Marilù quais os anúncios de interesse, ela contacta directamente os colegas dos recursos humanos para saber de imediato se a minha candidatura lhes interessa ou não.  
- Candidaturas espontâneas: A Marilù fez uma lista com todas as empresas e associações da área de Roma que caem dentro daquelas categorias e mandou o meu currículo para todas elas. Tudo num arco de dois meses. Recebi dois telefonemas - um a perguntar se estava interessada em fazer trabalho voluntário, outro a dizer que o quadro estava todo preenchido - e dois emails - o típico obrigado pelo interesse mas não estamos à procura do seu perfil. E agora terei que fazer o recall destas candidaturas espontâneas... Servirá para alguma coisa?
Abreijos

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