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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Reflexões (II)

Num canto perdido do DN de ontem li uma notícia meio escondida, envergonhada, que garantia que o ministro da justiça do recem-eleito governo do país nosso vizinho se prepara para revogar a lei de 2010 que permite às espanholas abortar por livre iniciativa até à 14ª semana de gestação. A Espanha regressa assim à anterior lei de 1985. Mais: o dito ministro afirmou-se satisfeito, pois “é a decisão mais progressista que tomei até hoje”.
Paralelamente, o juiz espanhol Baltasar Garzón que se notabilizou mundialmente pela incansável luta contra a impunidade de brutais ditadores como Pinochet; contra as máfias galega, turca e italiana ligadas ao tráfico de droga; contra os terroristas bascos da ETA mas tambem contra o GAL (grupo de extermínio que foi criado com a finalidade de assassinar membros e simpatizantes da ETA - com a “complacência” do anterior ministro do Interior – e cujos membros foram julgados, condenados e posteriormente indultados pelo governo de Aznar); contra a corrupção e a iniquidade em muitos outros processos; pois Baltasar Garzón é agora réu e está a ser julgado por investigar o desaparecimento de muitas vítimas do franquismo. Porque foi contra a lei por investigar crimes políticos entretanto amnistiados, diz o poder instituído; porque os crimes contra a Humanidade não têm natureza política, contrapõe Garzón.
Nada disto tem a ver connosco, portugueses? Tem!
Tem porque nas costas dos outros vemos as nossas.
Tem porque é um exemplo paradigmático do que assistimos constantemente noutros países, designadamente europeus. Os governos ditos de esquerda vivem há muitos anos de derrotas e de intervalos entre derrotas. Com a direita no poder as medidas políticas características da sua ideologia são rapida e coerentemente implementadas: privatizações, defesa intransigente das grandes empresas, um liberalismo de mercado cada vez mais acirrado, condescendência para com um lobismo descaradamente dominador. A esquerda no poder tenta gerir o centro que lhe dá votos, sem reverter nada do que a direita fez.
E vejam até onde isto nos trouxe na Europa.

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