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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Valor de mercado



Queria não falar de trabalho, mas gira que gira acabo sempre por voltar ao argumento, que nem borboleta numa espiral de atracção suicida. No outro dia estava a falar com a cara metade sobre o valor de mercado de quem trabalha. Dito assim parece um pouco cru, mas afinal de contas é disso que se trata. Para além da necessidade efectiva do trabalho para garantir uma certa qualidade de vida, eu sinto também a necessidade de saber que tenho um certo valor de mercado. Ou seja, que a sociedade está disposta a pagar pela minha capacidade produtiva. E depois de tantos anos, estar em risco de perder o trabalho é também uma facada no meu orgulho. Como se de repente eu já não tivesse valor de mercado
Obviamente a cara metade não concorda comigo. Primeiro, diz que ninguém tem valor, simplesmente somos usados enquanto servimos para alguma coisa. Bah! A mim parece-me quase que estamos a discutir semântica. Segundo, que não me deveria importar o que eles pensam  de mim, visto que para a minha família eu tenho um valor absoluto imbatível. Eu sei. Mas a realidade é que por um lado, sinto que terei menos valor se não conseguir contribuir também para a economia familiar. Por outro, o facto de ter valor também para alguém que não me ama é uma grande satisfação. Equivalente a encontrar trabalho por mérito próprio, sem necessitar de cunha.
Eu penso assim. Se calhar cada ano que passa com menos certezas, mas ainda penso assim.
Abreijos.

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