Queria não falar de trabalho, mas gira que gira acabo sempre por voltar ao argumento, que nem borboleta numa espiral de atracção suicida. No outro dia estava a falar com a cara metade sobre o valor de mercado de quem trabalha. Dito assim parece um pouco cru, mas afinal de contas é disso que se trata. Para além da necessidade efectiva do trabalho para garantir uma certa qualidade de vida, eu sinto também a necessidade de saber que tenho um certo valor de mercado. Ou seja, que a sociedade está disposta a pagar pela minha capacidade produtiva. E depois de tantos anos, estar em risco de perder o trabalho é também uma facada no meu orgulho. Como se de repente eu já não tivesse valor de mercado
Obviamente a cara metade não concorda comigo. Primeiro, diz que ninguém tem valor, simplesmente somos usados enquanto servimos para alguma coisa. Bah! A mim parece-me quase que estamos a discutir semântica. Segundo, que não me deveria importar o que eles pensam de mim, visto que para a minha família eu tenho um valor absoluto imbatível. Eu sei. Mas a realidade é que por um lado, sinto que terei menos valor se não conseguir contribuir também para a economia familiar. Por outro, o facto de ter valor também para alguém que não me ama é uma grande satisfação. Equivalente a encontrar trabalho por mérito próprio, sem necessitar de cunha.
Eu penso assim. Se calhar cada ano que passa com menos certezas, mas ainda penso assim.
Abreijos.
Sem comentários:
Enviar um comentário