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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Desabafo

Fel, fel, não. Hoje não me sinto a destilar fel. Apetece-me é dizer asneiras.

Habitualmente até nem costumo dizer palavrões. Não tenho nada contra quem os diz e até há aqueles a quem acho piada quando em determinado contexto – uma anedota ou uma citação, por exemplo – usam o vernáculo tal e qual para que não haja dúvidas interpretativas. Por outro lado tambem, toda a gente ouve as maiores obscenidades aparentemenete sem se chocar, desde que ditas em inglês, designadamente nos filmes - aquelas “expressões idiomáticas” que os camones vociferam a torto e a direito seja em casa a interpelar a mãe ou na igreja a falar com Deus, que traduzidas à letra dariam prisão em Portugal e pena de morte na Arábia Saudita. Achamos normalíssimas mas eu não as uso na minha língua. Nem mesmo quando a rapariguita recem-encartada, de nariz empinado e a olhar por cima do ombro, ultrapassa um stop e, repentinamente, aparece-me vinda da esquerda, atravessa-se à minha frente e obriga-me a uma travagem in extrermis. “Ah! Sua grandecíssima...” e o resto morre-me na garganta. Pois já estão a ver como eu trato de manter a integridade da norma culta do meu idioma paterno (se tivesse escrito língua, era materna, claro!).

Como é que eu cumpro estes pruridos estéticos mesmo nas situações mais críticas? É simples. Imagino que por cima da minha cabeça aparece um balão, daqueles usados nas histórias aos quadrinhos, que em vez de com vocábulos rudes e ofensivos são preenchidos com grafismos variados como cobras, lagartos, crâneos, tíbias, punhais retorcidos, etc., como os de vez em quando aparecem por cima da cabeça da Mafaldinha. Ou então penso num apito agudo que abafe o palavrão, como se costuma ouvir na rádio ou na televisão quando o Valentim Loureiro é entrevistado. Às vezes o apito na minha cabeça mais parece a sirene de uma ambulância, nomeadamente quando ouço o ministro das finanças a discursar na Assembleia.

Pois, mas hoje, sem perceber porquê, quando comecei a escrever este disparate sem pés nem cabeça a que se convencionou chamar post, só me apetecia desatar a dizer asneiras. De repente descobri a razão desta minha irritação. Acontece que o dedo indicador da minha mão esquerda está momentaneamente inoperacional porque sou obrigado a ter o braço ao peito. Calculam o desespero que é escrever este texto com as minhas capacidades escrevinhadoras reduzidas a 50%?

Portanto aqui vai uma fiada de impropérios em calão de baixo nível em jeito de desabafo para descomprimir: por que raio de f&lh# da p%t$ de sorte é que me havia de dar esta m&=d$ de dor para terem de me enfiar no ombro um c#r$l«o de uma agulha que mais parecia um corno de c5%$ão ?

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