Hoje demos um salto a Roma para visitar a exposição permanente do Palazzo Barberini - a Galeria Nacional de Arte Antiga. Tem obras espectaculares, como o Narciso de Caravaggio e a Fornarina de Raffaelo. Mas para mim o prato forte desta imersão cultural foi o tecto do salão, completamente decorado com um fresco de Pietro della Cortona - tão perfeito que algumas partes pareciam esculpidas. Eu e a Adelaide deitá-mo-nos nos bancos almofadados a olhar para cima um belo pedaço de tempo.
Foi uma manhã tão bem passada que até nos esquecemos da hora do almoço. Quando demos por nós a Adelaide, esfaimada e farta, começou a fazer uma birra de todo o tamanho. Saímos a correr do museu e ainda tentámos comer tranquilamente na Birreria Marconi. Mas já eram 2 da tarde e a sinfonia do sono da Adelaide não nos deixou tranquilos nem a nós nem aos outros clientes, de maneira que acabámos por escapar e voltar para casa.
No dia 1 fomos ao CCB assistir ao Concerto de Ano Novo. Como habitual, o reportório focou-se em Strauss e mais Strauss e terminou, como é da praxe, com a Marcha Radetzky e toda a gente a bater palmas compassadamente.Não estávamos na Áustria, a orquestra não era a Filarmónica de Viena, as senhoras não se aperaltaram de vestidos compridos nem os homens se enfarpelaram em asas de grilo, mas as valsas, as polcas e as mazurkas foram as mesmas. E que bem interpretadas pela nossa Metropolitana de Lisboa! É um ritual muito igual mas sempre muito agradavel de celebrar a chegada de um Novo Ano. Músicas antigas pouco apreciadas pelos jovens, dir-se-á. Nada mais enganador. Com o Grande Auditório absolutamente à cunha, era notório que entre trinta e quarenta por cento da assistência teria menos de vinte e cinco anos. Até uma pequenita que se sentou ao meu lado na plateia, talvez de uns oito ou nove anos, acompanhada pela mãe, estava esfusiantemente entusiasmada. É certo que passou pelas brasas a meio de um trecho um pouco mais lento, mas arregalou de imediato ao som dos primeiros acordes do Danúbio Azul. E pronto, viemos depois calmamente a pé para casa, ainda embalados por esta música que, por enquanto, será eterna.
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