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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Hoje Destilo Fel

Em 1867 escrevia Eça de Queiroz n”O Distrito de Évora” a sua periódica colaboração:

Ordinariamente, todos os políticos são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortezia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porem, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o estadista. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expedientes. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?.

145 anos passados, será justo que se diga que alguma coisa mudou nos políticos actuais.

Na realidade, de um modo geral pouco escrevem e, quando escrevem, usam uma sintaxe intencionalmente rebuscada para confundir a grande massa de iliteratos que infelizmente continua a abundar no nosso País. Falar, falam muito. Os chefes papagueiam as fórmulas que lhes foram ditadas pelas instâncias bruxelenses ou quejandas e os subalternos megafonam as mesmas teses à exaustão até que se tranformem em verdade, por mais inverosímeis que sejam. Cortezia? Pura dicção? Por favor, isso já não se usa !

Francamente, não sei se são bons convivas. Nunca com eles privei nem tenho ambições de o fazer, mas a avaliar pela forma como visivelmente se tratam uns com os outros, das duas, uma: ou dramatizam muito bem as aparentes desavenças, ou são mesmo assim, gatos assanhados.

Tudo o resto está igual. As alegadas “competências” obtidas por cartão partidário continuam a mascarar o compadrio e os privilégios; o tráfico de influências continua a ser manobrado com a maestria de um saber acumulado de séculos. Quando uma ou outra ovelha tresmalhada no meio dos lobos tenta realizar algo prometedoramente positivo, logo a maioria instalada se encarrega de abafar e dissolver qualquer pingo de alento optimista.

Apetece parafrasear Woody Allen: “O mágico fez um gesto e desapareceu a fome, fez outro e desapareceu a injustiça, fez um terceiro e desapareceram as guerras. O político fez um gesto e desapareceu o mágico”.

Como disse, tudo o resto está igual. Excepto a independência, claro! Essa já a perdemos defenitivamente.

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