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segunda-feira, 26 de março de 2012

Antonio Tabucchi


Escrever é para mim um acto solitário. Escolher ou imaginar um tema, estruturá-lo mentalmente e, por fim, transformá-lo numa sequência lógica de letras, palavras e frases, exige quase sempre uma concentração, um divórcio momentâneo da pequena realidade que me envolve. Tenho inveja de quem consegue escrever em perfeita comunhão com tudo o que o rodeia, numa festividade de ideias que tocam e acabam tambem por envolver o leitor.
Era o caso, ou melhor, é o caso de António Tabucchi.

Infelizmente, não conheço muito – até ao momento -- de Tabucchi. “Afirma Pereira”, única obra de maior fôlego que li, e alguns artigos em páginas culturais, uns em jornais portugueses e outros, traduzidos, do Corriere della Sera, mormente quando versavam sobre temas de Portugal, país de que ele era declarada e confessadamente apaixonado.
Dizia Tabucchi que para ele “literatura não é uma profissão, mas algo que envolve desejos, sonhos e imaginação”, e esta máxima ressalta permanentemente de tudo o que escreveu. Não se arrogava de perfeito no que fazia, até porque para ele “democracia não é um estado de perfeição”. Pelo contrário, levantava dúvidas e instalava dúvidas sobres as dúvidas porque “perfeição gera sempre ditadores e ideias totalitárias”.
Um dia, numa tabacaria de um quiosque perto da Gare de Lyon, em Paris, encontrou a “Tabacaria”, de Álvaro de Campos. Nunca mais se perdeu de Fernando Pessoa, que durante vinte anos estudou, interpretou e traduziu e de que era, sem dúvida, um dos maiores conhecedores ao nível mundial.
Há muitos anos que vivia dividido entre as suas grandes paixões geográficas: seis meses na Toscana, onde leccionava Literatura Portuguesa na Universidade de Siena, seis meses em Lisboa, a sua incontestável cidade de eleição. Onde morreu. Ontem.

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