O subtil Ministro da Economia, entrevistado sobre a falta de investimento para relançar o crescimento afirma que “está atento à situação”.
O extremoso Ministro das Finanças, questionado sobre o decréscimo das receitas provenientes dos impostos, declara que “está atento à situação”.
A incansável Ministra da Agricultura, alertada para os problemas causados pela seca, diz “está atenta à situação”.
O adorável Ministro dos Assuntos Parlamentares, posto perante a questão ainda por explicar da duplicação de receitas da Lusoponte em Agosto passado, jura que “está atento à situação”.
O enjoado Ministro da Saúde, interrogado sobre como tenciona resolver a falta de médicos nos hospitais, assegura que “está atento à situação”.
O inefável Ministro da Educação, advertido sobre os dramáticos atrasos no crédito das bolsas aos alunos, confirma que “está atento à situação”.
O recalcitrante Ministro dos Negócios Estrangeiros, prevenido sobre os problemas causados aos nossos emigrantes pelo encerramento de embaixadas, assevera que “está atento à situação”.
O mavioso Primeiro Ministro, avisado em debate parlamentar sobre o aumento exponencial do desemprego, confirma que a questão é relevante mas que “está atento à situação”.
O venerável Presidente da República, instado para que comente a iniquidade dos cortes salariais e nas reformas, certifica que “está atento à situação”.
Não sei porquê, vem-me à memória a história daquele homenzinho a quem oferecem um mocho afirmando que é um papagaio e pedem-lhe para que ensine o animal a falar. Passado algum tempo perguntam-lhe: “Então, o papagaio já fala?”. Responde o homem com ar desanimado: “Olhe, não se mexe nem faz nada, e falar, não fala, mas quando tento ensiná-lo olha para mim com os olhos muito abertos. Vê-se que está com muita atenção”.
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