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domingo, 4 de março de 2012

Um mimo no futuro

Hoje investi no mimo do futuro. Ou seja, em vez de dedicar tempo a mim mesma, dediquei-o a outra pessoa que estava muito mais necessitada. E se as leis do Universo não estiverem demasiado baralhadas, o bem que fiz retornará em triplicado. Ficarei à espera, mas sentada, pois o Universo ultimamente tem estado um bocadinho estranho.

A avó Giulia amanhã dá entrada no hospital. E sabe que desta vez não torna a casa tão cedo. A preocupação dela, enquanto metia meia dúzia de tarecos dentro da malinha-nécessaire, era explicar o menu de medicamentos do Elio. Com precisão matemática escrevinhava em linhas meio tortas a rotina que segundo ela é o garante do delicado equilíbrio da saúde do marido e que espera seja mantida enquanto ela está fora. E com pena observei a sua frustração quando percebeu que inevitavelmente a sua rotina impecável será adaptada às circunstâncias de quem prende o testemunho. Pela enésima vez teceu as costumeiras recomendações sobre a administração de documentos e dinheiro. E pela enésima vez teve que se resignar a aceitar que as coisas poderão serão feitas de maneira diferente. E leio as sombras de preocupação nos seus olhos, tem medo que tudo se desmorone sem que ela cá esteja para fazer parede mestra.
Tenho pena que não se pratique mais vezes o "diz-lhe que sim mas que também" com os velhos. Se calhar sou hipócrita, mas parece-me mais caridoso aceitar com reverência o que que dizem e depois se necessário fazer à nossa maneira. Poupar-lhes-ia a inquietude da preocupação, a amargura da frustração, a tristeza da inutilidade.
Querida Giulia, não posso obrigar os outros a lidarem contigo como teria feito eu (e sabe-selá se seria efectivamente melhor?) Mas posso dizer-te que correrá tudo bem. O que parece não ter solução acaba   por se resolver sozinho: às vezes basta aceitar as coisas como são. Querida Giulia, não podes continuar a controlar tudo. O teu corpo está a ceder sob o peso de tanta responsabilidade. Não depende de ti a saúde do teu marido, assim como não pode continuar a depender de ti o futuro da tua filha. Fizeste mais do que a tua parte. É também nosso dever deixar os outros seguirem o caminho que escolheram. Chegou o momento de deixá-los andar e confiar que cada um percorrerá a sua estrada da maneira que será melhor.

Vai tranquila.
Com tanto amor e mimos desta tua neta adquirida

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