Etiquetas

Family (30) Work (16) Planning (13) Health and Beauty (12) Home (12) World (12) P... (10) Ambiente (9) Maternity (5) Viagens (4) Economia doméstica (3)

terça-feira, 13 de março de 2012

Como convencer?

Com a crise definitivamente instalada, provavelmente ainda por muitos e bons anos, tornou-se evidente para toda a gente a imprescendibilidade da alteração radical do padrão de vida a que se estava habituado. Ou, se fôr possível, tentar manter um padrão de vida relativamente aceitável gastando menos.

A primeira consequência imediata desta nova realidade foi o aparecimento oportuno, eu diria em tempo recorde, de dezenas de publicações a ensinar, a explicar ou, mais simplesmente, a dar dicas sobre como se pode “fazer mais com menos”. As teorizações mais elaboradas têm direito a publicação em livro, outras optam por encher as revistas do “diz que disse” para amantes do jet set, outras ainda, mais comezinhas, ficam-se pelas colunas sociais dos jornais.
Pôr o carro de lado e andar mais a pé ou de bicicleta – ideia pouco prática principalmente na cidade das sete colinas, mas enfim... – comer menos carne e mais legumes – os vegetais subiram logo de prêço, claro! -- não comprar por comprar apenas porque é saldo, escolher sempre que possível produtos de marca branca ou fármacos genéricos, etc., são muitos os aconselhadores e múltiplos os palpites.

Um amigo meu, nascido no seio de uma família tradicional e abastada do norte, sempre opinativo e muito senhor de si, avança com a solução das soluções: “Se todos fizessem como me ensinaram desde pequenino, não precisaríamos de discutir essas questões. Ou melhor, nem sequer o país estaria na situação de descalabro em que se encontra agora”. E explica: “Um terço do que ganhamos deve destinar-se à renda da casa; com outro terço pagamos as despesas correntes (água, luz, alimentação, vestuário, etc.) e uma ou outra extravagância; o restante terço deverá ser sempre para pôr de parte prevenindo o futuro”.
Estávamos numa reunião informal de amigos que fazemos questão de realizar periodicamente há muitos anos. A amizade entre todos é de longa data e, portanto, existe um amplo à vontade de debater, discutir, contra-argumentar qualquer ideia ou opinião, seja ela qual fôr. O interessante é que, perante a exposição daquela teoria, todos encolhemos os ombros e mudamos de assunto. Há uma dificuldade intrínseca em conseguir que alguem que sempre teve um rendimento mensal suficiente para poder aforrar um terço, compreenda as verdadeiras dificuldades de subsistência de muitos, cujos ganhos não chegam muitas vezes para dois terços do mês.
É estranho, bastante estranho mesmo. É fácil vencê-lo. A dificuldade está em convencê-lo.

Sem comentários:

Enviar um comentário